Será que minhas virtudes são genuínas?
Por: Vinicius Martinez
Posso ter meus méritos por escolher uma vida voltada para o que é
certo, em ter virtudes, em ter Honra. Mas, isso em hipótese alguma deve
ser algo que me faça me sentir superior aos demais, com efeito, se assim
procede, tudo o que trabalhei para construir em meu ser — é jogado para
o lixo pela soberba.
De fato, todo aquele que busca a Deus, deve
prezar pelo que é certo, condenar os pecados e ter um verdadeiro amor
pela verdade; mas todo aquele que tem virtudes, sabe o que é o pecado e o
quanto ele é tentador.
Pois, é fato que uma vida pecaminosa é um
tanto mais atraente aos olhos dos que não possuem as virtudes teologais
em suficiente quantidade. Com efeito, devemos nos colocar no lugar
dessas pessoas e não sair condenando-as, dizendo que elas são
monstruosas, de que o que elas fizeram é tão feio que não possa ser
redimido; é nosso dever também acolher e ter amor e misericórdia com os
pecadores.
Não se trata de passar as mãos na cabeça dos pecados e
dos erros. Como bem digo sempre, há quem faça isso e reprovo
completamente, o que digo é que temos de reconhecer o contexto da
pessoa, não somos iguais, não são todos que possuem força suficiente
para dizer não ao pecado.
Com isso, é evidente que por vezes, há
de surgir pensamentos arrogantes e de ódio contra tais pessoas por terem
cometido um pecado, eis que faço uma sucessão de perguntas que me
ajudam a ter misericórdia dessas pessoas e também como especificidade a
de aplacar a arrogância que há em mim.
Quem me conhece, sabe o quanto detesto homens imorais e portanto sem virtudes, eis que pergunto-me:
Será que se eu fosse rico, famoso, atraente. Eu continuaria sendo Honrado?
Será que eu não seria como os homens que tanto critico?
Será que eu não faria as mesmas coisas que digo odiar?
Será que sou honrado pois sou na verdade um "fracassado" querendo mascarar a minha falta de poder?
Será que minhas virtudes são genuínas?
Logo, procede que: sendo rico, famoso ou atraente, isso me concederia meios, ou seja, ação efetiva, em outras palavras: Poder.
Aqui me refiro ao fato de que com o poder, eu poderia alimentar os
vícios, desejos e paixões que estão inerentes em todo Homem, a saber, o
desejo do sexo (sexo sem compromisso), a soberba da vida que consiste em
ostentar bens alheios e mostrar superioridade aos demais.
Logo,
tendo poder significaria que eu estaria mais tentado ainda a fazer o que
é errado, pois eu teria acesso aos objetos desejados, e neste caso — eu
de fato teria uma escolha de ser verdadeiramente honrado, ou seja,
utilizaria os bens que Deus me deu, não para fazer o mal, mas para fazer
o bem.
Digo isso, pois de fato, há quem seja honrado por falta
de escolha, pois é muito fácil apontar o dedo na cara dos outros, quando
não se coloca na condição do outro.
Ademais. — Há quem fique com
ódio do pecado e do erro alheio, não por amor ao que é certo, e sim por
certa inveja do que comete o pecado. Por exemplo, há homens que podem
dizer que odeiam os homens canalhas, por eles pegarem muitas mulheres,
mas na verdade ele diz isso, pois na verdade, ele odeia o fato de que
ele não pega mulheres. Ou por exemplo, uma mulher detestar uma mulher
que é bonita e que se veste vulgarmente e portanto mostra seu corpo e
acolhe a atenção para si, muitas que podem xingar essas mulheres, fazem
por inveja.
Todos os dias devemos fazer exames de consciência e
conversar consigo mesmos e com Deus, se o que fazemos é por causa do
nosso amor pelo que é certo, ou por causa do fato de que, não nos resta a
seguir tal caminho — pois somos limitados.
Pois, uma coisa é um
Homem sem poder algum, ter honra, este tem menores tentações em
decorrência de suas limitações de ação, outra é um Homem que tem poder, o
segundo tem um esforço ainda maior para exercer a Honra, é claro, o
primeiro tem seu mérito se fazer por amor ao que faz, mas se faz, porque
não lhe resta opção — sua honra é falsa.
O mesmo vale para
mulheres, uma coisa é ser modesta e recatada sendo aos olhos da maioria
"pouco atraente" —, mas e uma mulher que é atraente? E se ela fosse
atraente? Será que seria modesta e recatada? Será que ela não ia fazer o
mesmo que muitas mulheres bonitas fazem? Que é justamente exercer seu
poder que está em suas belezas, que fazem com que elas possuam meios de
ação?
Eu de fato amo fazer o que é certo, obviamente que como
pecador não sou perfeito e portanto peco e erro, mas quando acontece
isso, eu sinto raiva de mim mesmo, e um profundo ódio ao pecado que eu
tenha cometido. Eu escolhi buscar a vida de Honra, pois é o certo a ser
feito, e desejo que as outras pessoas também façam isso. No entanto, eu
sei me colocar na situação de uma pessoa que tenha cometido um pecado
que aos meus olhos seja: "facilmente evitado", ora, seria fácil para mim
— mas e para a outra pessoa?
Qual é o contexto dela? Quais as
disposições? Qual são as circunstâncias? Qual a vida e estado dessa
pessoa? Obviamente que é diferente do meu estado de ser e portanto, não
posso ser estúpido a ponto de dizer que o que ela fez poderia ter sido
facilmente evitado, tendo como pressuposto as minhas disposições como
pessoa.
Além do mais, sim, de fato, o pecado é sempre pecado e
portanto deve ser condenado, mas é evidente que há quem seja mais forte e
há quem seja mais fraco e portanto mais suscetível a cair no veneno
"doce" que é o pecado.
Ademais. — É por isso, que aquela
mentalidade de odiar a pessoa por ela ter feito muitas coisas
pecaminosas em seu passado é errado, pois, naquele período, aquela
pessoa estava fraca e perdida, e se ela parou e mudou de vida, ela deve
ser bem acolhida e respeitada. Ademais. — Se assim fosse, Santo
Agostinho e São Francisco ou Santa Maria Madalena, não deveriam ser
santos, pois tiveram vidas pecaminosas antes da Honra.
É óbvio
que as glórias de uma pessoa que sempre exerceu a Honra desde sempre,
são sempre maiores que aqueles que exerceram mais tardiamente, no
entanto, não muda o fato de que aqueles que mudam de vida mesmo com um
passado sujo, mudam e portanto já não devem ser vistas e tratadas como
se fossem as mesmas pessoas de antes.
Ademais. — É claro, as
consequências ficam, mas os pecados são de fato perdoados, se a pessoa
realmente tiver um arrependimento genuíno e passar a viver na verdade.
Que nosso bom Deus nos conceda forças para exercer as virtudes, em
dizer não ao pecado, e também nos conceda uma visão misericordiosa e
capaz de também enxergar as fraquezas do outro e não ter um espírito
orgulhoso que se gaba de ser algo que não seria se estivesse em outra
situação.
Pois como já dizia um grande santo: "Se não fosse pela graça de meu bom Deus, eu seria igual a eles".
Glória a Deus! Ave Maria Santíssima!
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